quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TODOS QUEREM MAIS

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA 20/09/2011


Foi o governo oferecer 23,5% para os soldados da Brigada Militar, em duas parcelas, que o índice virou referência para outros servidores da área da segurança pública.

Todos querem, no mínimo, o mesmo índice e não se comovem com o argumento do governador Tarso Genro de que é preciso dar aumento maior para quem ganha menos. A Polícia Civil, que num primeiro momento havia emitido sinais de que aceitaria o reajuste de 10%, agora quer os mesmos 23,5% dos soldados.

– Não há como dar 23,5% parelho para todo mundo – avisou Tarso, ontem.

Em um almoço com jornalistas, o governador definiu a queima de pneus e outros atos violentos como “atentados clandestinos contra o Estado democrático de direito”. Definiu os protestos como uma “atitude de confronto”contra a hierarquia da instituição:

– Estão querendo desmoralizar seus chefes.

À tarde, em reunião de duas horas com representantes dos policiais civis que querem reajuste idêntico ao dos soldados, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, ofereceu os mesmos R$ 91 de acréscimo no salário básico (R$ 40 em outubro e R$ 51 em abril de 2012) propostos aos brigadianos. Como o básico dos soldados é mais baixo, o percentual de acréscimo para sargentos, tenentes e policiais civis seria inferior. O Piratini alega que não há dinheiro para oferecer reajuste maior e diz que seu compromisso é a recuperação gradual do poder de compra dos salários.

Para mostrar que o governo está no limite de suas possibilidades, Pestana faz uma comparação: o aumento dado aos 150 mil professores tem impacto de R$ 310 milhões; a proposta feita aos 55 mil servidores da área da segurança custa R$ 290 milhões.

Assim que fechar essa negociação, o governo terá de encarar dois outros focos de pressão: os delegados, que reivindicam equiparação com os procuradores do Estado e têm assembleia no próximo sábado, e os oficiais da Brigada Militar. O governo descarta a possibilidade de atender esse pedido porque significaria praticamente dobrar o salário dos 943 delegados (561 ativos e 382 inativos). Já os oficiais da Brigada querem aumento e ameaçam o governo com uma operação batizada de “Legalidade”, que, na prática implica reduzir o número de viaturas e homens nas ruas. A Brigada tem hoje 2.273 oficiais em atividade e 1.334 inativos.

ALIÁS

Enfim, Tarso deu uma explicação plausível para a demora em identificar os autores dos protestos com queima de pneus: o corporativismo que faz um colega proteger o outro, mesmo em caso de delito.

Com o aumento de 23,5% oferecido aos soldados, o Rio Grande do Sul deixa de ser o Estado que paga os piores salários aos policiais militares no início da carreira e sobe sete posições no ranking, ultrapassando Rio, Pará, Pernambuco, Maranhão, Acre, Paraíba, e Rondônia.

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