ROSANE DE OLIVEIRA, ZERO HORA, 16/09/2011
Quem planejou o protesto de ontem na Rua Duque de Caxias, com a colocação de um boneco fardado de brigadiano junto com uma imitação de bomba, sabia o efeito que queria provocar. Um ato como esse, a poucos metros do Palácio Piratini, só pode ser interpretado como provocação. A Duque e a Borges de Medeiros tiveram de ser fechadas, os motoristas enfrentaram transtornos e o governo enfrentou o constrangimento de ver os protestos se deslocarem de estradas pouco movimentadas para a região onde está o coração do poder.
Um patamar foi ultrapassado. Quem planejou o protesto quis desafiar a autoridade do governador, que prometeu não negociar enquanto continuassem as manifestações violentas, com queima de pneus, e teve de recuar. Ontem, o governo sentiu que precisava fazer alguma coisa para, pelo menos, atrair para o seu lado os servidores de nível médio.
Ao transformar o abono de R$ 300 em aumento salarial de fato para os soldados e oferecer reajustes que variam de 11% a 18% para sargentos, tenentes e subtenentes da Brigada Militar, o Piratini tenta pacificar a base e se fortalecer para o próximo embate, o pedido de aumento dos oficiais.
Os próximos dias serão tensos, com ameaças dos oficiais de fazer a velha operação padrão com outro nome – Operação Legalidade –, que na prática significa reduzir a quantidade de homens e viaturas nas ruas. Não seria greve nem queima de pneus, mas a recusa em trabalhar se alguma coisa estiver fora de ordem nas viaturas, nos documentos, no fardamento.
Na esteira da pressão dos oficiais, os delegados vão reforçar o movimento pela equiparação com os procuradores do Estado, recuperando uma isonomia concedida à época do governo Alceu Collares e depois revogada.
Qualquer operação que retire policiais das ruas aumenta a sensação de insegurança dos cidadãos. Os servidores da Polícia Civil, que ontem rejeitaram a proposta feita na semana passada, ameaçam fazer greve nos dias 28 e 29.
APERTEM OS CINTOS
Na companhia de secretários e assessores, o governador Tarso Genro atravessou a Rua Duque de Caxias para entregar pessoalmente ao presidente da Assembleia, Adão Villaverde, sua primeira proposta orçamentária. Com previsão de aumento de 7,2% nos gastos com pessoal, faltam recursos para atender às demandas crescentes dos servidores por reajuste.
Para chegar aos números finais, o secretário do Planejamento, João Motta, enfrentou uma maratona de reuniões com os colegas. Como cada um queria ampliar a fatia de sua pasta, o trabalho de Motta foi adequar as demandas à limitação de receita.
O orçamento dá prioridade a saúde, educação e segurança, segundo o secretário da Fazenda, Odir Tonollier, mas não será em 2012 que o Estado alcançará os percentuais previstos na Constituição. Pela proposta, a saúde, que deveria ficar com 12% da receita líquida, não passará de 9,19%.
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