Justiça decreta prisão de dois policiais por sequestro e extorsão - O GLOBO, 29/07/2011 às 13h22m; Paulo Roberto Araújo
RIO - Acusados de sequestro e extorsão, dois soldados do 25º BPM (Cabo Frio) tiveram a prisão preventiva decretada, no fim da noite desta quinta-feira, pelo juiz João Carlos de Souza Corrêa, de Búzios, na Região dos Lagos. Eles foram denunciados pelo Ministério Público estadual, acusados de terem seqüestrado e praticado extorsão contra o marceneiro Alberto Leite da Silva.
Segundo a denúncia, Alberto foi extorquido pelos PMs Leandro Gonçalves Guimarães e James Rodrigues de Lima Júnior para não ser preso como traficante de drogas. Os militares foram presos por policiais civis quando recebiam o dinheiro em frente ao fórum de Búzios no fim da tarde do dia 15.
Ao decretar a prisão, o magistrado também determina que cópias do processo sejam encaminhadas à chefe de Polícia Civil e à Corregedoria de Polícia Civil para que seja investigada a conduta da delegada Cristiane de Aguiar Martins, da 126ª DP (Cabo Frio). Ela liberou os PMs presos em flagrante e não levou o caso ao juiz de plantão.
O marceneiro foi sequestrado na Praia de João Fernandes no dia 14 de julho. Inicialmente os PMs exigiram R$ 50 mil e depois baixaram o pedido para R$ 20 mil. Como não tinha o dinheiro, Alberto ofereceu seu carro, um Fiat Uno, mais uma quantia de R$ 2,9 mil. A entrega seria feita no dia 15, em frente do Fórum de Búzios.
Os PMs circularam com o marceneiro por Búzios e Cabo Frio e chegaram a ser filmados num posto de gasolina. A fita será examinada nesta sexta-feira por um perito do Tribunal de Justiça, que vai a Búzios a pedido do juiz.
No dia 15, o marceneiro só conseguiu reunir R$ 1.020, em dois saques de R$ 510, em uma agência bancária. Antes de entregar o dinheiro, ele foi até a 127ª DP (Búzios) e denunciou os PMs, que foram presos em flagrante quando recebiam o dinheiro na frente do fórum. Só mais tarde o caso chegou ao conhecimento do Ministério Público, que denunciou os militares e pediu a prisão preventiva.
O juiz João Carlos Corrêa destaca, na sua decisão, a audácia dos PMs de terem marcado encontro com a vítima em frente ao Fórum. Em outro trecho, ele lamenta a ação dos PMs "que deveriam dar o exemplo e dedicarem seu tempo para proteger os cidadãos de bem e não se envolverem em desígnios obscuros e temerários, em especial, em dias tão difíceis para todas as instituições públicas".
O delegado de Búzios, Mário Lamblet, disse que estava fora de Búzios, submetendo-se a uma intervenção cirúrgica, mas orientou seus policiais, devido a gravidade do caso, a apresentar os PMs na delegacia de Cabo Frio. Ele disse que não foram encontradas drogas e que não há nada contra o marceneiro na delegacia de Búzios.
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