sexta-feira, 8 de abril de 2011

SIGILO DAS INVESTIGAÇÕES PODEM SER PREJUDICADOS PELO CORTE DE VERBAS

REFLEXOS DO AJUSTE. Sigilo de investigações pode ficar prejudicado - ZERO HORA 08/04/2011

O impacto dos cortes para a PF extrapola a limitação de dinheiro. Segundo policiais federais, regras que constam do decreto que limitou as despesas estariam interferindo também no planejamento de ações e no caráter sigiloso das investigações.

Por exemplo: para enviar para uma operação mais do que 10 policiais, as superintendências regionais da PF precisam informar à direção-geral da corporação, em Brasília, sobre o trabalho. A direção, por sua vez, repassará o pedido ao Ministério da Justiça, que pode autorizar ou não o deslocamento dos agentes.

Antes, a autorização dependia apenas do superintendente regional. O novo trâmite visaria a um maior controle dos gastos, mas para quem atua na linha de frente representa burocracia e engessamento da atividade.

– Por quantos setores esse pedido passará até chegar ao ministro, quantas pessoas terão acesso? Isso atinge o sigilo do trabalho e, pior, pode politizar as atividades da PF, pois o ministro pode não autorizar ações envolvendo determinadas pessoas. Temos confiança na seriedade do ministro, mas e o que vier depois? – questiona Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais.

Neste cenário, investigações estariam em ritmo lento e operações já planejadas, em compasso de espera. Há pressão dentro da polícia, e entidades de classe estão mobilizadas para tentar reverter o tesouraço e suas regras, ou seja, excluir a PF do corte.

Inquéritos decorrentes de operações já deflagradas também tiveram prejuízo com a contenção, pois policiais que atuavam em reforço – normalmente, agentes especializados em determinadas áreas, como a contábil – tiveram de retornar a seus postos de lotação.

– Os reforços, os analistas com especializações, podiam ficar até 90 dias deslocados com autorização do superitendente. Agora, só podem ficar até 10 dias. Chegávamos a ter policiais por seis meses atuando numa investigação. Agora, tudo tem de ser explicado e submetido ao ministério. Tem gente segurando ao máximo as operações – comenta um policial.

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