Promotor cobra ação da Polícia contra corruptos em Novo Hamburgo. Amorim quer afastamento dos policiais acusados de trabalhar para Maradona. Sílvio Milani/ Da Redação - 20/4/2011 - DIÁRIO DE CANOS
Novo Hamburgo - O promotor Eugênio Paes Amorim, da Vara de Júri de Porto Alegre, acusou ontem o delegado regional do Vale do Sinos, Bolivar Llantada, de não tomar providências contra os policiais civis de Novo Hamburgo suspeitos de trabalhar para o traficante Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, 32 anos. O alvo de Amorim foram as declarações de Llantada no Jornal NH de ontem, em que diz não ter o que fazer a respeito por desconhecer a investigação e não saber quem são os agentes. “Se não sabe quem são, vai perguntar, delegado. Bote no papel um ofício para o promotor, solicitando os nomes, e investigue os policiais”, desafiou o promotor, ao vivo na Rádio ABC 900. Apesar de os acusados continuarem em suas funções normais, o delegado respondeu que não está havendo inércia. “Estou aguardando uma posição da Corregedoria”, argumentou. O promotor Amilcar Macedo, responsável pelo caso, entrega hoje à Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) as escutas telefônicas que ligariam dois agentes hamburguenses e um delegado da região metropolitana à facção Os Manos, liderada por Maradona.
Mandados geram discórdia
Policiais civis não se conformam que, nos últimos anos, o Ministério Público vemconseguindo mandados de prisão e de busca e apreensão paraaBrigada Militar. É o caso da operação conjunta contra a facção Os Manos, articulada pelo promotor Amilcar Macedo, de Canoas, com o Serviço de Inteligência do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), que resultou em vasto acervo de escutas telefônicas. Nessas gravações, liberadas para o programa Fantástico, da TV Globo, o Ministério Público e a BM revelam suposto envolvimento de dois agentes de Novo Hamburgo e um delegado da região.
Brigada e Civil na disputa
Nos bastidores, Brigada Militar e Polícia Civil travam uma disputa pelos resultados das operações contra Maradona. Membros das duas instituições dizem, informalmente, que uma atrapalha o trabalho da outra. Os fardados, que têm ao seu lado o Ministério Público, afirmam que investigama facção desde novembro e que já prenderam 33 bandidos. A Polícia Civil, por meio do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), informa que desenvolve a Operação Camisa 10 desde fevereiro, com 23 presos até ontem, sem contar os menores apreendidos.
“Só fala besteira”, diz delegado
A contundência deAmorim provocou reações imediatas na Polícia Civil. “Temos que tomar providências contra este promotor Amorim. Quem ele acha que é? Só fala besteira”, escreveu em seu perfil no Twitter o delegado Alexandre Quintão, do plantão de Novo Hamburgo, entre outros policiais da região que se manifestaram durante o dia.
ZONA DE CONFLITO
“Que bom se fosse verdade que há só dois ou três policiais corruptos em Novo Hamburgo. Se a Polícia não combate a corrupção, ela vai ruir por isso mesmo.” “Vai investigar ao invés de escrever artigo corporativo para jornal, dizendo que a Brigada Militar e o Ministério Público não podem investigar.” “A região foi infortunada com a escolha desse cidadão para ser delegado regional. É um delegado que não acrescenta nada e é corporativo demais.” Eugênio Paes Amorim, Promotor de Justiça.
“A situação continua no mesmo panorama (policiais acusados nas atividades normais), aguardando orientação da Corregedoria.” “Não está havendo inércia e não sou corporativista.” “Nada posso fazer se é esse o sentimento dele sobre minha pessoa. As pessoas se manifestam da maneira que quiserem. Não vou entrar em conflitos verbais publicamente, pois isso não acrescenta nada aos conflitantes nem à sociedade.” Bolivar Llantada, Delegado de Polícia.
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