quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

TENTATIVA DE EXTORSÃO A DONO DE BAR PARA LIBERAR JOGATINA

ZERO HORA 13 de dezembro de 2013 | N° 17643

CARLOS WAGNER

CORRUPÇÃO NA TROPA. Polícia prende dois PMs por extorsão. Sargento e soldado integram 20º Batalhão de Polícia Militar, na Zona Norte



Um sargento, com 27 anos de serviços prestados à Brigada Militar (BM), e um soldado, com sete anos de corporação, foram presos em flagrante, na noite de quarta-feira, ao tentarem cobrar a mensalidade de R$ 200 para permitir a exploração ilegal de duas máquinas caça-níqueis da dona de uma lancheria na zona norte de Porto Alegre. Lotada no 20º Batalhão de Polícia Militar (20º BPM), a dupla foi recolhida ao Presídio Militar, por suspeita de concussão – exigir vantagens indevidas.

Se forem considerados culpados pela Justiça Militar, podem ser condenados de dois a oito anos de prisão, além de perderem a função pública.

No início da tarde, o juiz Francisco José de Moura Müller, da 1ª auditoria do Tribunal de Justiça Militar, homologou a prisão em flagrante do sargento e do soldado e enviou o caso para o Ministério Público Militar, que deverá se pronunciar sobre o assunto. Os nomes dos policiais não foram revelados pela BM. No final da manhã, o comandante em exercício do 20º BPM deu uma entrevista coletiva sobre as prisões. Disse que a lancheria pertence a uma senhora, que é casada com um sargento da reserva da BM. Há quatro meses, ela procurou a corporação para reclamar que estava sendo vítima de extorsão por parte de uma patrulha do batalhão.

Com o auxílio do Serviço de Inteligência da corporação, conhecido como P2, e da Corregedoria-Geral, foi aberta uma investigação. Durante este tempo, foram coletadas provas – fotos, vídeos e testemunhas – sobre a extorsão. Na noite de quarta-feira, por volta das 21h, o carro patrulha estacionou na lancheria, e os dois foram presos em flagrante recebendo o dinheiro.

– O nosso caso contra o sargento e o soldado está muito bem consolidado – aposta o major.

Contraventores pagam para assegurar atividades ilícitas

As duas máquinas caça-níqueis foram apreendidas, e a proprietária irá responder por prática de jogo de azar (contravenção). No início da tarde, Zero Hora esteve na lancheria e conversou com o sargento da reserva. Ele disse que o negócio é da sua mulher, que ele tem outro emprego e, às vezes, ajuda no balcão na lancheria. Falou que não é do interesse da família comentar a prisão dos seus ex-colegas.

As centenas de máquinas caça-níqueis que existem espalhadas pelo Estado são uma diversificação nos negócios ilegais dos banqueiros do jogo – os maiores corruptores de policiais do Rio Grande do Sul. Para manterem atividades ilícitas, contraventores compram informações em DPs, recrutam PMs em quartéis para executar desafetos, associam-se com investigadores fora da lei, manipulam inquéritos, transformam oficiais em capangas privados. A cada minuto, os bicheiros faturam, livres de impostos, algo em torno de R$ 500.

Para se manterem há mais de um século na ativa, os contraventores mantêm um bem articulado braço policial de bicheiros, com agentes da BM e da Polícia Civil que ganham dinheiro dos contraventores vendendo informações privilegiadas sobre batidas policiais e proteção aos pontos. Graças a essa proteção, os banqueiros conseguiram dividir o território gaúcho em áreas de atuação.

O potencial de corrupção da polícia e dos bicheiros é um velho inimigo dos comandantes da BM. Falando sobre a prisão do sargento e do soldado, na manhã de ontem, o subcomandante-geral da BM, coronel Silanus Mello, disse que apuração desse tipo de delito está sendo facilitada dentro da corporação por ter havido um investimento na corregedoria.

– Um dos pilares da atual administração é uma corregedoria forte – informa Silanus.


ZERO HORA 12/12/2013 | 15h04

Justiça determina prisão de soldado e sargento suspeitos de cobrar propina. Policiais militares pediam dinheiro para liberar a jogatina na zona norte da Capital


Carlos Wagner

Por volta das 14h30min desta quinta-feira, o juiz Francisco José de Moura Müller, da 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar homologou a prisão em flagrante do sargento e do soldado do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM) acusados de cobrar R$ 200 para liberar jogos ilegais em um bar da Capital. O processo foi enviado ao Ministério Público.

Os dois policiais militares foram presos na noite de quarta-feira por suspeita de extorsão à dona de um estabelecimento na zona norte de Porto Alegre.

Conforme investigou a Corregedoria da Brigada Militar, o soldado e o sargento do 20º BPM cobravam a quantia para que a dona do bar mantivesse ilegalmente duas máquinas caça-níqueis em funcionamento. A mulher seria parente de um policial militar da reserva. Os nomes dos presos não foram divulgados.


ZERO HORA 12/12/2013 | 10h14

Policiais militares são presos em flagrante por tentativa de extorsão em Porto Alegre. Sargento e soldado do 20° BPM pediam dinheiro a dono bar para liberar a jogatina na Zona Norte


Carlos Wagner


Foram presos em flagrante pela Corregedoria da Brigada Militar (BM) um sargento e um soldado do 20º Batalhão da Policia Militar (20º BPM) que tentavam extorquir um pequeno comerciante que tinha ilegalmente no seu estabelecimento duas máquinas caça-níqueis, na zona norte de Porto Alegre. Os dois policiais militares foram recolhidos para o Presídio Militar. Até o final desta quinta-feira, a Justiça Militar deverá decidir se irá homologar o flagrante.

— Nós agimos a pedido do comando do 20º BPM — informa o coronel Flávio Roberto Vesule da Silva, corregedor-geral da BM.

O pequeno comerciante vinha recebendo visitas semanais dos policiais, onde era exigido uma quantia em dinheiro, cujo valor não foi revelado, para permitir o funcionamento dos caça-níqueis. O dono do bar queixou-se ao comando do 20º BPM que recorreu a Corregedoria da BM.

Por algum tempo equipes discretas da Corregedoria começaram a investigar o caso e a vigiar a dupla. A vigilância resultou nas prisões em flagrante na noite de quarta-feira. O envolvimento destes dois policiais militares com jogos ilegais é apenas a ponta de um iceberg. As máquinas caça-níqueis são uma diversificação nos negócios ilícitos dos banqueiros do jogo do bicho, que rende R$ 500 por minuto no Rio Grande do Sul.

Há muitos décadas, os bicheiros conseguem sobreviver graças a uma rede de proteção, onde a corrupção policial é um dos pilares. Este é um assunto acompanhado por Zero Hora nas últimas décadas. Em 1993, o jornal fez um raio X da situação com a reportagem: Os senhores do jogo do bicho. No ano passado, ZH publicou um outra reportagem:A Reinvenção do jogo do bicho.

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