ZERO HORA 25 de setembro de 2012 | N° 17203
PAPELEIRO MORTO. Mais de três dias de espera por perícia. Demora pode dificultar investigações sobre como começou o fogo que matou andarilho em Caxias
RÓGER RUFFATO | Pioneiro
O descumprimento da prática de isolar uma área que pode ter sido cenário de crime e a demora para o levantamento estrutural do terreno podem prejudicar as investigações sobre a morte do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, 45 anos. O andarilho morreu no domingo, no Hospital Pompeia, em Caxias do Sul, após ter 85% do corpo queimado na barraca onde morava, na sexta-feira.
Uma equipe do Instituto-geral de Perícias (IGP), com sede em Porto Alegre, chega à Serra para periciar a área apenas hoje. Conforme o delegado Joigler Paduano, a falha no atendimento da ocorrência se iniciou pela demora em a polícia ser comunicada sobre o incêndio.
– Na manhã de sábado, entramos em contato com o IGP para solicitar a perícia. Disseram que teríamos de aguardar. Não tínhamos como deixar a área isolada, porque precisaríamos deslocar um policial para guardar o terreno – relata.
Polícia não descarta hipótese de acidente
Segundo o diretor do Departamento de Perícias do Interior, Rogério Gomes Saldanha, o número reduzido de funcionários impossibilita que o serviço seja feito pela equipe local. Análises de incêndios exigem equipe especializada – o IGP tem uma única que atende a esse tipo de ocorrência no Estado. No final de semana, ela estava em Montenegro, no Vale do Caí.
Conforme o delegado, há o risco de a perícia não encontrar indícios que indiquem a causa do fogo.
– O mais importante para a investigação é saber qual o material responsável pelas chamas. Corremos o risco de não encontrarmos muito material já que se passaram vários dias e um possível combustível pode ter evaporado. O local também pode ter sido adulterado – pondera o delegado.
A assessoria do IGP informou que não responde questões relacionadas a perícias. Apesar da demora, agentes da Polícia Civil trabalham desde sexta-feira para ouvir moradores e pessoas que trabalham perto do terreno no bairro Pio X. Imagens de câmeras de segurança próximas não apontaram suspeitos.
– Descobrimos que o papeleiro tinha o costume de dormir com vela acesa. Como a barraca era de papelão, lona e madeira, as chances de ter ocorrido um acidente também são grandes. Trabalhamos com a hipótese de crime e de acidente – detalha o delegado.
O corpo de Santos foi sepultado ontem à tarde, no Cemitério Público Municipal. Vinte e duas pessoas conduziram o caixão. Uma mulher levou um buquê de crisântemos amarelos. O sepultamento terminou com vigorosa salva de palmas.
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