terça-feira, 11 de setembro de 2012

MAIS POLICIAIS PREENCHENDO OS CLAROS E DELEGACIAS PRECÁRIAS


ZERO HORA 11 de setembro de 2012 | N° 17189

DESTINO TRAÇADO. As cidades que receberão os novos policiais civis
 

Maioria dos inspetores e escrivães formados sábado reforçará municípios do eixo Capital-Caixas
 

CARLOS WAGNER

O destino de 80% dos 772 inspetores e escrivães da Polícia Civil, formados no último sábado, deverá ser as delegacias que ficam no eixo Porto Alegre-Caxias do Sul, a região mais rica, povoada e violenta do Rio Grande do Sul. Ontem, a nomeação dos policiais foi publicada no Diário Oficial do Estado. Nos próximos 24 dias, eles deverão tomar posse.

Orestante dos agentes, 20%, deverá ser distribuído entre Pelotas, Rio Grande, Lajeado, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo. A cidade mais beneficiada deverá ser a Capital, que, além de receber agentes em várias distritais, terá outros 40 designados para o contingente das quatro novas delegacias de homicídio. Atualmente, Porto Alegre tem duas especializadas nesse tipo de crime. A justificativa para a criação de outras é porque o município responde por mais de 50% dos assassinatos no Estado, que cresceram 6,9% em julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados no final do mês passado.

– Não apenas o combate aos homicídios deverá ser beneficiado com os novos agentes, mas toda a estrutura da Polícia Civil. Esta é uma das raras vezes, na história da instituição, que recebemos, de uma só vez, um número de novatos que corresponde a 15% do nosso afetivo – destaca o chefe da Polícia Civil, Ranolfo Vieira Júnior.

A rigor, na maioria das delegacias do Rio Grande do Sul, existe carência de agentes, uma situação antiga. Com a incorporação dos novos agentes, o efetivo da Polícia Civil ficará em torno de 6 mil – um número 40% inferior ao ideal. Pelo menos mil dos policiais em atividade estão aptos a se aposentar, informa Cládio Wolfahlrt, diretor financeiro do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (Ugeirm).

– Pelos estudos da ONU (Organização das Nações Unidas), é necessário um policial de investigação para cada mil habitantes. Sendo assim, o efetivo ideal da Polícia Civil deveria ser em torno de 11 mil agentes – comenta o diretor do sindicato.

Agentes relatam situação precária em delegacias

Na manhã de ontem, Zero Hora entrou em contato com delegacias de Porto Alegre e conversou com agentes sobre a falta de pessoal. Eles relataram a situação com a condição de que seus nomes fossem preservados. Um deles disse que é constrangedor ver o acúmulo de inquéritos policiais sem solução. Outro agente afirmou que apenas os casos de grande repercussão são investigados ou crimes nos quais o culpado é conhecido.

A situação é de conhecimento das autoridades gaúchas. A incorporação do novo efetivo é um começo para uma nova situação, afirma o secretário-adjunto da Segurança Pública, Juarez Pinheiro.

– Por entendermos a gravidade da situação, hoje (ontem) já começamos a discutir a realização de um novo concurso para agentes – anuncia Pinheiro.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Aumentar o número de policiais é muito bom, porém é necessário melhorar as condições das delegacias, promover paridade e verticalidade salarial com os demais integrantes do sistema, aprimorar o ciclo policial (investigativo, pericial e ostensivo), reduzir o retrabalho e a carga burocratica (substituir o inquérito policial pelo relatório policial) e tornar a polícia de fato e de direito uma função essencial à justiça como integrante de um Sistema de Justiça Criminal ágil, integrado e focado na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário