FOLHA.COM. 09/07/2012 - 03h00
Editorial
Diante de repiques de violência no Estado, após queda constante desde o
início dos anos 2000, soa ainda mais preocupante a notícia de que a
Polícia Militar de São Paulo retirou contingente das ruas nos últimos
quatro anos.
Relatório do TCE (Tribunal de Contas do Estado)
aponta aumento nos quadros em funções administrativas, entre 2008 e
2011, em detrimento da operação nas ruas.
São quase 3.000
homens a menos no policiamento ostensivo. Nas palavras do próprio TCE,
isso contrasta com o "aumento dos indicadores de criminalidade".
Números da Secretaria da Segurança Pública divulgados em junho
mostraram alta em roubos de veículos, em todo o Estado, e homicídios,
concentrada na capital. Não é, decerto, boa época para contar com menos
homens nas ruas.
A Polícia Militar questiona problemas pontuais
no relatório do TCE. Eles de fato existem: considera-se em "função
administrativa" o pessoal dos centros que recebem chamados da população e
PMs aprovados em concursos que ainda estão em treinamento.
Os
problemas, no entanto, não invalidam a constatação de que houve queda no
número absoluto de policiais nas ruas --de 60.347 para 57.630--, quando
a tendência deveria ter sido de aumento.
Se por si só o
policiamento ostensivo não pode determinar melhoria no quadro geral de
violência, também é pouco provável que a criminalidade, em especial
delitos contra o patrimônio, arrefeça sem vigilância diuturna.
Nesse sentido, a disposição do comandante-geral da PM, Roberval França,
de pôr maior contingente nas ruas, parece correta e digna de apoio do
governo do Estado.
Também tem sentido positivo o plano de
desobrigar a PM de tarefas como a escolta de presos, que pode ser
absorvida pela função já existente de agente de escolta. Para isso, o
governo precisa investir na contratação e no treinamento desses outros
profissionais.
Em outra frente, com o auxílio do Judiciário, cabe estimular o uso do sistema de teleaudiências de presos, hoje subutilizado.
São Paulo vinha de uma persistente queda nos índices de violência.
Deixá-la em risco por falta de braços é, na prática, delegar a dinâmica
da segurança pública às veleidades dos líderes do crime.
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