terça-feira, 8 de maio de 2012

DESINTEGRAÇÃO: OS PMs QUEREM AJUDAR, MAS AS VEZES ATRAPALHAM, DIZ POLICIAL CIVIL

Civil se une à BM para investigar assassinatos. Plano apresentado ontem para auxiliar no combate aos homicídios irá beneficiar 11 municípios - FRANCISCO AMORIM, GUILHERME MAZUI E RENATO GAVA - ZERO HORA 08/05/2012

Além de Canoas e Porto Alegre que já têm delegacias especializadas na investigação de homicídios, outras nove cidades onde o número de mortes disparou em 2012 vão ganhar equipes de policiais civis exclusivas para a apuração desse crime. Apresentado na manhã de ontem ao secretário da Segurança Pública, Airton Michels, o plano se soma à força-tarefa da Brigada Militar, que deslocará 200 PMs do Interior para patrulhar a Região Metropolitana.

Mobilizar as duas instituições foi a forma encontrada pela SSP para conter o surto de assassinatos que preocupa as autoridades. Conforme dados do primeiro trimestre de 2012, o Estado registrou 81 mortes a mais em relação ao mesmo período de 2011, uma alta de 19,6%.

Ontem, o secretário Airton Michels se reuniu com o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Júnior, para discutir a ofensiva. O plano é reforçar as equipes de investigação em Porto Alegre, Guaíba, Canoas, Alvorada, Viamão, Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Pelotas e Passo Fundo. Conforme Ranolfo, a ideia é, além de aumentar as equipes das duas delegacias de Homicídios de Porto Alegre e da especializada de Canoas, criar grupos de investigação nos outros municípios da lista.

– Será um delegado e dois ou três agentes que atuarão apenas na investigação de assassinatos – detalhou ele.

Cerca de 60 homens devem ser empregados na operação, que dará prioridade para a apuração de homicídios, a fim de elucidar casos e efetuar prisões capazes de reduzir a mortandade, já que parte da alta é creditada à disputa de traficantes por territórios. Ainda falta definir a origem dos agentes.

– Se for necessário, faremos remoções pontuais. A operação envolverá 1% do nosso efetivo, assim não haverá prejuízo para as comunidades – garante o delegado.

Ao incluir o Interior na sua ação, a Polícia Civil tentará diminuir as mortes em cidades com altas elevadas, como São Leopoldo, onde os homicídios mais do que dobraram – passaram de 12 para 25 comparando o primeiro trimestre de 2012 com o de 2011.

Lista dos 200 PMs deverá ser apresentada hoje

Ontem à tarde, o secretário se reuniu com o coronel Altair Cunha, comandante interino da BM. Os dois discutiram a origem e a data de chegada dos 200 PMs usados na força-tarefa que tem previsão de patrulhar as zonas norte e leste de Porto Alegre, mais bairros de Alvorada, Viamão, Gravataí e Cachoeirinha.

A previsão é priorizar policiais da Metade Sul, região onde o efetivo é mais numeroso. Antes do começo da ação, previsto para o fim da semana, os homens passarão por treinamento na Capital. O foco é combater o tráfico de drogas, efetuar prisões de foragidos e apreender armas.

– Posso garantir que essa integração com a Polícia Civil será muito importante para combater os homicídios – disse o coronel.

Ele deve apresentar até as 9h de hoje a lista dos 200 PMs – e de onde são – que serão transferidos provisoriamente para as cidades alvos da operação.

Ideia é que Brigada ajude na investigação

A ideia de unir forças entre as polícias Militar e Civil é outra faceta do plano da Segurança. Mas uma medida anunciada pelo chefe de Polícia promete causar polêmica:

– É preciso um estreitamento com a Brigada Militar, sobretudo no que diz respeito ao crimes de homicídio. A Brigada vai nos ajudar na investigação, pois ela normalmente é a primeira a chegar às cena de crime. Os policiais militares deverão coletar os primeiros dados e nos repassar – afirmou Ranolfo Vieira Júnior.

A medida, informalmente, já é usada em algumas delegacias – em casos de latrocínio (roubo com morte). Mas alguns policiais civis não aprovam.

Os PMs querem ajudar, mas as vezes atrapalham, pois não sabem investigar – avaliou um agente da Capital, ontem, que pediu para não ser identificado.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É sempre salutar a integração entre a Polícia Civil e a Brigada Militar, pois ambas atuam em segmentos do ciclo policial que, unido, torna o erforço policial muito mais eficiente. Pena que estão esquecendo o IGP que também é parte do ciclo policial. O Brasil é um dos poucos países do mundo que, apesar de manter a Polícia Federal no ciclo policial completo, permite que as polícias estaduais atuem em segmentos separados e com a perícia distante da estrutura policial. Além de outros fatores conjuntais e estruturais, este amadorismo político na segurança pública é mais um que impede a eficácia do esforço policial no Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário