sábado, 11 de fevereiro de 2012

REAÇÃO FEDERAL: TROPAS PARA REPRIMIR GREVES

Governo federal oferece 20 mil homens a Estados que enfrentarem movimentos como os desencadeados na Bahia e no Rio - HUMBERTO TREZZI* | ENVIADO ESPECIAL/RIO. Com agências. ZERO HORA 11/02/2012

O governo federal tem planos de contingência, com mais de 20 mil homens de prontidão, para mandar ajuda a qualquer Estado que recorra à União para garantir a lei e a ordem pública devido à onda de greves de policiais militares que ameaça se expandir pelo país. Os planos incluem efetivos das Forças Armadas, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública.

– Se necessário, temos condições de mandar tropas não só ao Rio – informou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Os serviços de inteligência do governo monitoram há meses a movimentação dos policiais em todos os Estados e detectaram que, além da Bahia e Rio, havia mobilização forte em outros 10. Em seis, o quadro é mais preocupante: Espírito Santo, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas e Goiás. Nos outros quatro, o risco de motim é menor, mas não totalmente descartado: Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Distrito Federal. Em todos esses Estados, haverá assembleias de associações de cabos e praças ou reuniões de articulação ao longo da próxima semana, antes do Carnaval.

No Rio de Janeiro, a anunciada greve de todos os policiais civis, militares e bombeiros do Rio até pode existir, mas não tem visibilidade. Uma onda de prisões de grevistas, desencadeada pelo governo fluminense, fez encolher a mobilização. Ao desembarcar em território carioca, no início da tarde de ontem, a reportagem de ZH percorreu a mais badalada orla do Brasil, na Zona Sul. O policiamento estava normal.

A cada duas quadras, no máximo três, era possível ver uma viatura da PM estacionada, com ocupantes olhando a praia de binóculo. Outros circulavam a pé ou de bicicleta. A grande preocupação do governo, a de que a greve espantasse turistas, pode não se confirmar – pelo menos, até a tarde de ontem, não surtiu esse efeito. A faixa à beira-mar entre Botafogo e Copacabana, estava totalmente ocupada por banhistas ontem. Os bares permaneciam cheios. Nada que lembrasse Salvador nos dias de greve.

ZH checou a mobilização de policiais civis. Na 9ª DP, no Catete (Centro), o expediente era normal.

Governo age rápido e com dureza

Além dos 17 PMs e bombeiros presos, outros 143 chegaram a ser detidos, mas foram liberados. Mesmo assim, responderão a Inquérito Policial-militar. Entre os presos, nove, todos líderes do movimento paredista, foram presos por ordens da Justiça Militar. Três deles são oficiais: dois coronéis e um major, todos da reserva. Dois líderes da greve, que também tiveram a prisão decretada, ainda são procurados. Esses líderes ganharam uma punição assustadora: foram transferidas para o temido presídio Bangu I, onde ficam os criminosos de maior currículo no Rio.

O resultado dessa demonstração de força governamental é perceptível nas ruas, que mantiveram a agitação típica de uma véspera de fim de semana no Rio. Alguns incidentes foram registrados. Todas as viaturas do 22º BPM (Zona Norte) permaneceram no pátio. O governo enviou para patrulhar a região o temido Batalhão de Operações Especiais (Bope). Ocorreram ainda problemas no interior do Estado.

De policiais civis presos não existe notícia, nem de greve deles. Se ela acontece é de forma dissimulada. Ao que tudo indica, o Rio terá Carnaval.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A OAB acertou em afirmar que a greve policial militar é inconstitucional, mas os salários pagos aos policiais militares são injustos. Os militares não podem fazer greve reza a constituição federal, como também rezam os dispositivos penais que vandalismos, ameaças, danos a bens públicos e invasões de propriedades também são crimes, portanto tratados de forma igual perante a ação preventiva e coatora do Estado. Entretanto, penso não haver coerência entre o tratamento dado pelo Estado aos policiais e às outras manifestações que exigem salários dignos e outros direitos sociais. Como também, é questão de reflexão o emprego das forças armadas no controle de manifestações sociais, no policiamento ostensivo preventivo e no policiamento das fronteiras, quando "especialistas" e partidários desde mesmo Estado governante defendem a desmilitarização das polícias militares da atividade policial e a extinção das cortes militares estaduais. Não consigo entender esta incoerência?

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