EFETIVO MAIOR. Estado abrirá concurso para 2 mil PMs. Candidatos poderão escolher entre vagas no policiamento ostensivo ou nos bombeiros - PEDRO MOREIRA, ZERO HORA 02/11/2011
O combate à criminalidade no Rio Grande do Sul deve ganhar um reforço. O governo do Estado promete lançar, até o final deste mês, concurso para a contratação de 2 mil soldados para a Brigada Militar (BM). A expectativa é de que os novos PMs estejam nas ruas até o início de 2013. Também estão previstos editais para contratar 142 oficiais.
Serão 1,4 mil vagas para soldado de polícia ostensiva e 600 para soldado do Corpo de Bombeiros – ambos cargos de nível médio. Para oficiais, serão cem vagas para capitão – formação superior em ciências jurídicas – e 42 para capitão – oficial de saúde, com formação superior em Medicina, Odontologia, Veterinária, Farmácia ou Enfermagem. Os três concursos já têm os editais prontos e dependem apenas do parecer da Procuradoria-geral do Estado para a contratação da empresa que vai aplicar as provas.
O comandante-geral da BM, coronel Sérgio de Abreu, explica que uma das novidades do concurso para soldado será a chance de o candidato escolher, na hora da inscrição, entre a polícia ostensiva e o serviço de bombeiro. O coronel Sérgio estima que as provas das três seleções ocorram entre dezembro e fevereiro, com o curso de formação para soldados começando em março. Serão 10 meses de curso intensivo, com 1,6 mil horas de treinamento:
– Haverá um novo currículo, com novas metodologias, com grande destaque para as partes técnica e operacional. Os bombeiros, por exemplo, vão sair com elevado nível técnico de capacitação, com todas as novas dinâmicas de combate a incêndio.
O presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf) – entidade que representa os servidores de nível médio da BM –, Leonel Lucas, comemorou o anúncio. Ele ressaltou a necessidade de os novos brigadianos saírem às ruas já com material de proteção individual garantido, como colete, arma e rádio.
– Estamos preocupados principalmente com nossos colegas que estão tirando serviço sozinhos no Interior, onde se passa 12 horas tirando serviço de dia e, à noite, a população fica desguarnecida – avalia Lucas.
Novas contratações não resolvem falta de efetivo
Coordenador-geral da Associação de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), Ubirajara Pereira Ramos acredita que as novas contratações amenizarão a fala de efetivo:
– Mas não resolve. Temos um efetivo antigo, que está se aposentando. A defasagem chega a 42% no Corpo de Bombeiros .
A contratação é considerada o início de um projeto de recuperação do efetivo da corporação, que tem um déficit estimado em mais de 10 mil PMs. Hoje, contando com 22,6 mil servidores, a BM estima em 33 mil o número ideal para poder garantir um combate mais adequado à violência. Uma das metas é suprir as necessidades que a Copa de 2014 trará à segurança gaúcha.
Edital para temporários
O início da Operação Golfinho será em 17 de dezembro e, ao contrário do ano passado, deve-se seguir o cronograma de contratações. O edital para convocação de 600 civis temporários foi autorizado pelo governo e deve ser encaminhado à Casa Civil. De acordo com o major Luiz Eduardo Ribeiro Lopes, chefe da Divisão de Recrutamento, Seleção e Acompanhamento da BM, o edital deve ser publicado na semana que vem.
Além da alteração na idade limite para inscrição, que passou para 40 anos, outra flexibilização deve se tornar atrativo: tolerância às tatuagens. Alvo de polêmica no ano passado, quando temporários tatuados foram desclassificados, neste ano, o edital deve excluir apenas aqueles que tenham desenhos ofensivos à moral.
A ideia da Brigada Militar é iniciar os trabalhos com número superior ao do término da última operação.
– Os temporários começaram quase no final do último veraneio. O ideal seria que eles se somassem ao efetivo para não deixarmos guaritas desguarnecidas – destacou o tenente-coronel Rogério Alberche, comandante regional dos Bombeiros do Litoral Norte.
Segundo ele, dois terços das casas de salva-vidas funcionam apenas das 9h às 13h e das 15h às 19h, permanecendo vulneráveis no horário de almoço.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - De nada adianta aumentar os efetivos de policiais e bombeiros militares se continuarem pagando pouco. Após formados e não tendo como sobreviver só com o salários da BM, muitos voltarão para a iniciativa privada ou irão para o bico, se ausentando das ruas, se estressando, adoecendo ou permitindo o aliciamento pela bandidagem. É preciso qualificar policiais e bombeiros com salários dignos, condições de trabalho e clima organizacional propício e adequado à permanência nas ruas e nos postos de bombeiros, com capacidade e motivação para atender as demandas por segurança preventiva e de urgência.
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