JOGO DE EMPURRA. Achado corpo que teria sumido em correnteza. Cadáver desapareceu enquanto policiais discutiam de quem era o caso - EDUARDO TORRES
Dois operários encontraram ontem um cadáver que a polícia acredita ser o que foi levado pela correnteza, terça-feira à noite, enquanto a Brigada Militar de Porto Alegre e a de Alvorada discutiam quem deveria investigar o caso. Desde quarta-feira, três bombeiros procuravam o corpo no Arroio Feijó e no Rio Gravataí.
Ocorpo encontrado ontem boiava entre o lixo carregado pela correnteza quando foi avistado pelos trabalhadores das obras da Rodovia do Parque (BR-448).
– De repente, vi o corpo e levei um susto. Nunca tinha visto nada assim – contou Jéferson Rodrigues, 30 anos, funcionário das obras da Rodovia do Parque.
O corpo do homem morto é de um calvo, possivelmente com marcas de tiros na cabeça, vestindo camiseta e calças escuras. Até a tarde de ontem, ele ainda não tiha sido identificado no Departamento Médio Legal (DML), mas a suspeita policial é de que seja o do homem encontrado no limite entre a Capital e Alvorada e que gerou o jogo de empurra entre policiais. As características seriam semelhantes às relatadas por PMs.
Corpo pode ter sido carregado pela água por 15 quilômetros
O jogo de empurra entre os policiais começou quando um morador do Parque dos Maias acionou a Brigada Militar ao ver o corpo no arroio. Os policiais do 20º BPM (zona norte da Capital) foram os primeiros a chegar, mas constataram que poderia ser um caso de Alvorada.
Logo, os policiais do 24º BPM também chegaram ao local. De acordo com o comandante do batalhão de Alvorada, major Marcelo Couto, seus soldados até tentaram fazer o registro na 3ª DP , mas teriam sido desaconselhados por um plantonista.
A equipe da DPPA do Deic também foi ao local, mas o DML não teria sido acionado para fazer a remoção.
O entendimento foi de que, com a chuva forte, precisariam dos bombeiros para retirar o cadáver. Não deu tempo. O arroio o levou diante dos olhos de três equipes da Polícia Civil e Brigada Militar.
O corpo ainda teria conservado as digitais, o que facilitará o trabalho dos papiloscopistas. Pelo menos agora, a investigação sobre o cadáver já tem um departamento responsável – na quarta-feira, ninguém investigava o caso porque, como o corpo havia sumido após a confusão entre os policiais, não tinha sido possível detectar se houve assassinato. O episódio será apurado pela 1ª Delegacia de Homicídios, do Deic, na Capital.
“Será investigado por nós”. Cléber dos Santos Lima, delegado
Diário Gaúcho – Agora o caso do corpo tem jurisdição. Será investigado pela sua equipe?
Cléber Lima – Ainda não podemos nem assegurar de que é o mesmo corpo. A possibilidade é grande, já que aquele é o curso natural do rio, mas só a identificação do corpo nos dará esse esclarecimento.
Diário Gaúcho – E se for determinado que a morte aconteceu em Alvorada?
Cléber – O corpo foi achado em Porto Alegre, será investigado por nós. Se foi morto em Alvorada e jogado aqui, pode ter sido uma ocultação de cadáver na Capital. Seria um homicídio cometido em outro município, mas chegando à autoria do crime, a Delegacia de Homicídios resolverá o inquérito.
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