domingo, 4 de setembro de 2011

IMAGEM ENXOVALHADA

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - ZERO HORA, 04/09/2011

A tradição que a Brigada Militar construiu em 173 anos de história não combina com pneus em chamas nem com barricadas em rodovias para bloquear a passagem e pressionar o governo a melhorar os salários. A minoria que está praticando atos de vandalismo para encurralar o governo mancha a farda que veste e que sempre foi sinônimo de confiança para os gaúchos.

A situação piora quando surgem sinais de que por trás dos protestos não estão soldados que ganham salário básico de pouco mais de R$ 1 mil, mas oficiais descontentes pela perda de algum benefício ou privilégio. Esse grupo, cujo tamanho o governo ainda está tentando dimensionar, prejudica os colegas com a interrupção das negociações que devem resultar em algum aumento de salário.

Os brigadianos do Rio Grande do Sul ganham o pior salário do Brasil entre os policiais militares, e essa é uma anomalia que precisa ser corrigida no menor prazo possível. Não é porque sejam workaholics que brigadianos fazem bico, mas pela impossibilidade de sustentar uma família com o que ganham. Lutar para melhorar esse salário é legítimo, mas não é queimando pneus que os policiais militares conquistarão a simpatia da população.

A reação do governador Tarso Genro ao suspender a negociação enquanto durarem os protestos violentos não poderia ser diferente. Ele é o comandante em chefe da Brigada Militar. Não pode se tornar refém de um grupo que age na calada da noite para intimidar o governo e semear o pânico. Se o governador ceder à chantagem, outras categorias poderão sentir-se autorizadas a apelar para métodos violentos como forma de conquistar aumento salarial.

Nenhum dos governadores que passou pelo Piratini nos últimos anos negou aumento aos servidores por sadismo. Se perderam a chance de virar ídolos dos funcionários, foi por falta de dinheiro para dar aumentos maiores. Se pudesse, Tarso aumentaria o salário do soldado para R$ 3,2 mil. A dificuldade é encontrar a fonte de financiamento para um aumento desses, que tem repercussão em todos os degraus da estrutura da Brigada, assim como o piso do magistério repercute em todos os níveis do plano de carreira.

ALIÁS

Para resolver um dos focos de insatisfação dos brigadianos, Tarso Genro teria que negociar com o governo federal a volta da Bolsa Formação, que garantia um reforço de 35% no contracheque e foi cortada.

Se um brigadiano vai para a reserva com menos de 50 anos, fica difícil para o Estado pagar bons salários e repor no ritmo necessário as vagas dos que se aposentam.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Acho que a Rosane perdeu o rumo e sabedoria que sempre colocou nos seus textos. A conclusão desta coluna é de um sofisma absurdo. Ora, os últimos governantes só deram aumentos miseráveis para os brigadianos e mesmo assim a reboque da polícia civil. Não é a toa que a tropa está desmotivada e só aparece nas ruas para atender ocorrências. Não é a toa que muitos perseguem uma "boca" na política e que o "bico" se disseminou pegando até oficiais, acabando com a saúde, a segurança e a dedicação exclusiva. Os atuais governantes não querem ser "ídolos" da segurança, assim como não querem ser da saúde e da educação, pois não dá voto. É triste a alegação de que existe "a dificuldade é encontrar a fonte de financiamento para um aumento desses, que tem repercussão em todos os degraus da estrutura da Brigada, assim como o piso do magistério repercute em todos os níveis do plano de carreira", pois para o ministério público, defensoria, fazenda, judiciário e cargos comissionados sempre existe uma "fonte".


JOSÉ APARECIDA DE CASTRO MACEDO - CEL REF DA BM DE SANTA MARIA, MANDOU A SEGUINTE NOTA PARA ZH


Senhor editor de O LEITOR.

"Se um brigadiano vai para a reserva com menos de 50 anos, fica dificil para o Estado pagar bons salários e repor no ritmo nececessário às vagas dos que se aposentam", escreve Rosane de Oliveira na sua coluna em ZH 04/09/2011. Esta mesma "dificuldade" não tem o Estado para conceder benefícios, privilégios, salários exorbitantes e exonerações fiscais em bilhões de reais para alguns setores, órgãos e poderes!

O comentário sobre a aposentadoria é desairoso, preconceituoso, revela uma visão histriônica e virtual do que significa a vida do PM para a referida jornalista. Encastelada no prédio da Zero Hora, num gabinete refrigerado, aquecedor e outras justas atenções, a jornalista como uma majestade imperial não sabe o que é ficar o PM, sob condições climáticas variáveis, ganhando salários miseráveis, seis horas no policiamento, para defender a vida das pessoa e quiça a dela, não sabendo o PM, se vai voltar para sua família com vida. É uma atividade de risco de vida, diferenciada, que ela não exerce, altamente sob pressão, estressante e que ao longo de trinta anos terá consequência para a saúde do mesmo.

O PM opera sob condições psicológicas que ela não opera. A frase da jornalista faz-me lembrar a da Maria Antonieta, rainha da França: "O povo tá com fome? Porque não comem brioches?" demonstrando uma ignorância política alheia aos problemas do povo Frances. Se uma jornalista da estirpe da Rosane assim pensa o que não pensam outros? Assim, simplóriamente, é o que ela pensa sobre Segurança Pública? Não se forma um PM em seis meses, é preciso mais tempo para a qualificação, para o condicionamento físico, técnico e psicológico.

Mais do que nunca a frase "AVE CÉSAR, MORITURI TE SALUNTANT" me parece apropriada. O que têm a dizer as ASSOCIAÇÕES da BM?

Lembro também de uma frase dos TOMOS DE POLICIAMENTO de autoria do Cel Ref José Angelo Dutra, um estudioso sobre policiamento: "O POLICIAL É O PRIMEIRO REPRESENTANTE DO PODER PÚBLICO EM CONTATO COM A POPULAÇÃO". Dizia mais: "que era preciso que o mesmo tivesse uma apresentação impecável, fosse educado e atencioso no trato com o cidadão, mas firme e decidido com o deliquente". Esta afirmação não tem se refletido na ação política dos nossos governantes.

Infelizmente, a Segurança Pública não é encarada por governos e políticos como investimento e sim como gastos, e consideram os Policiais, descartáveis (na hora de votarem não), como os "gladiadores" que vão para a arena da vida morrerem. "

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