sexta-feira, 19 de agosto de 2011

PM X PC - PERDE O CIDADÃO

CRISE ENTRE POLÍCIAS. Perde o cidadão - GABRIELLE BITTELBRUN, DIÁRIO CATARINENSE, 19/08/2011

Uma briga que tem como pano de fundo equiparação salarial, disputa por repercussão na mídia, por espaços de comando e falta de efetivo. É como os especialistas definem os conflitos entre policiais civis e militares. Ao ignorar quais as funções de cada um, para os estudiosos, há um prejuízo nos serviços de segurança.

– Enquanto a PM está investigando, por exemplo, não está fazendo a atuação ofensiva e está fora de função, não está como deveria – avalia o professor de Direito Alceu de Oliveira Pinto Junior.

Ele explica que a disputa entre as polícias não é de hoje e nem restrita ao Estado. Para ele, as brigas ficaram mais evidentes porque, no momento, a Polícia Civil está mais atuante, buscando espaços. Por outro lado, a Polícia Militar também está bem treinada, conquistando notoriedade. Como as partes estariam mais representativas, as brigas seriam maiores.

Os prejuízos à população poderiam chegar também no atacado. Em tese, as disputas entre as polícias poderiam prejudicar ações conjuntas, como o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). A equipe, criada em 1995, integra Ministério Público e polícias Civil e Militar.

O professor da Univali e presidente da Comissão de Segurança da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Juliano Keller do Valle, considera que o desentendimento entre os comandos pode levar ao “não cumprimento” de parte dos serviços policiais, além de desqualificar o trabalho dos policiais.

Já o especialista em segurança Eugênio Moretzsohn destaca ainda a sensação de insegurança gerada pelos conflitos.

– É como filho pequeno que vê pai e mãe brigando. Mesmo que eles não briguem para se acertar, os filhos ficam assustados – compara Moretzsohn.

Uma das saídas apontadas seria a criação de uma nova polícia, unindo as duas já existentes. Nesse caso, teria que ser estabelecida uma nova hierarquia. Mas a solução mais rápida sugerida é a intervenção do Estado, complementando o efetivo existente e dando prioridade para quem tem intenção de fazer um trabalho conjunto entre as instituições.

– Qualquer tipo de policiamento tem que ter integração para uma ação mais efetiva – resume o professor de Direito Alceu de Oliveira Pinto Junior.



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