POLICIAMENTO ATÉ SEXTA. Litoral sofre com delegacias fechadas - CAROLINA ROCHA, ZERO HORA 24/06/2011
Frequentadores ficam desamparados se crimes ocorrerem no fim de semana
Ao encontrarem residências arrombadas, frequentadores de três praias do Litoral Norte podem enfrentar um transtorno extra se o crime tiver de ser registrado no final de semana. Se forem às delegacias de Quintão, Balneário Pinhal ou Cidreira nesta época do ano, as vítimas darão com a cara na porta.
Em dias úteis, as delegacias fecham as portas por falta de policiais às 18h e só reabrem na manhã seguinte. Se for sábado, domingo ou feriado, nem adianta esperar. A DP só reabre no próximo dia útil. A saída é pegar a estrada e ir à Tramandaí.
Em Cidreira, cinco policiais trabalham na delegacia. Um atende no plantão, onde são registradas as ocorrências. Um atua no cartório, outro na secretaria e outros dois na investigação. Conforme o delegado Sávio Azambuja Espíndola, outros dois policiais estão de licença. Assim, com a equipe pequena, o atendimento na delegacia ficou comprometido. Ou seja, registrar ocorrência em Cidreira só das 8h30min às 12h e das 13h30min às 18h durante a semana. Em finais de semana e feriados, a DP fecha as portas.
– Algumas pessoas registram com a Brigada ou esperam para registrar em suas cidades de origem – explica o delegado.
Os boletins feitos pelos PMs vão entrar no sistema da Polícia Civil em no máximo três dias, virando registros de ocorrência.
Mas quem tiver pressa e ou preferir optar por registrar a ocorrência na Polícia Civil, levando uma cópia do documento na mesma hora, terá que ir até a DP de Tramandaí, que funciona 24 horas nos sete dias da semana, ou registrar a ocorrência em sua cidade quando voltar para casa.
Quatro residências no mesmo dia
Há 17 dias, uma moradora de Cidreira precisou de socorro ao perceber quatro casas das vizinhança arrombadas.
– Primeiro eu chamei a Brigada. Eles disseram que não poderiam vir se os ladrões não estavam mais aqui. Depois liguei para a delegacia, mas o policial disse que estava sozinho e que os donos teriam de ir até lá registrar ocorrência – conta a dona de casa, de 62 anos.
Em Balneário Pinhal e Quintão a situação não é diferente. Em Pinhal, trabalham quatro policiais e uma delegada, e em Quintão, apenas um agente atende no plantão.
Cansados dos arrombamentos, os moradores decidiram contratar empresas de vigilância para cuidar das residências.
– Em média, temos instalado cinco alarmes por semana – conta o supervisor de uma empresa, que pediu para não ser identificado.
Conforme Espíndola, da DP de Cidreira, em abril duas quadrilhas que faziam a receptação dos produtos furtados foram presas. Assim, a média de quatro registros de arrombamentos por dia caiu para dois ou três registros diários.
– É algo bem cíclico. Nessa época, as pessoas deixam as casas muito desguarnecidas, com grama alta. Isso chama a atenção – declara o delegado de Cidreira.
No veraneio, a situação é diferente. Com o reforço da Operação Verão, as delegacias recebem policiais de delegacias do Interior e da Capital. Em Cidreira, por exemplo, o contingente de cinco policiais passa até 25, o que ajuda também a colocar os inquéritos em dia.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Analise bem este depoimento e veja como é a política de segurança pública no RS:
- "Primeiro eu chamei a Brigada. Eles disseram que não poderiam vir se os ladrões não estavam mais aqui. Depois liguei para a delegacia, mas o policial disse que estava sozinho e que os donos teriam de ir até lá registrar ocorrência."
É reflexo de um aparato policial em que cada polícia faz uma parte do ciclo, fracionado, segmentado, sucateado, desmotivado, inoperante e incapaz de prover segurança ao cidadão. E não é culpa dos policiais, pois eles apenas disseram atributos pertinentes aos seus deveres. Ao policial militar não incumbe a investigação em casos de arrombamentos. O polícia civil, para investigar casos de arrombamentos, precisa de um agente do Instituto Geral de Perícia, a polícia pericial do RS para fazer a perícia no local arrombado para levantar vestígios e identificar indícios que podem levar aos autores do crime. E, quanto à perícia, não acredito que estas cidades em questão tenham órgãos do IGP. Em países desenvolvidos em questões de ordem pública, o cidadão chama uma polícia e esta cumpre todas estas tarefas com gestão única, técnica, inteligência e dando a pronta resposta do Estado.
Pois é, assim é difícil tanto para os policiais quanto para o cidadão pagador de impostos. O cidadão se vê relegado pelo Estado que trata com descaso o dever constitucional de garantir o patrimônio, a vida e a convivência em paz social do seu povo.
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