Arrumação da casa. WANDERLEY SOARES, O SUL, REDE PAMPA, 31 de março de 2011.
O governo que toma posse não encontra a casa desarrumada. O detalhe é que cada um dispõe os móveis e as pessoas a seu gosto.
Não estou entre os que, até mesmo um mês após a instalação de um governo, em processo democrático, continua a considerá-lo como novo e a desculpar algumas trapalhadas sob a alegação de que a casa está sendo arrumada. Quem assume o governo, quase de forma imediata, distribui as benesses para seus parceiros e não encontra a casa tão desarrumada. Além disso, se presume que sejam pessoas de competência suficiente para não deixarem a máquina administrativa e as ações operacionais em ritmo contemplativo.
Atualmente, na área da segurança pública, nada se apresenta como diferente de administrações passadas, e a tal política da transversalidade continua a figurar apenas como parte da retórica dos discursos. O que se vê são os policiais fazendo a sua parte como sempre fizeram e tendo os problemas que sempre tiveram com novas viaturas que receberam do governo passado e com delegacias caindo aos pedaços. A Brigada, que ganhou fôlego, também no governo passado, com um pequeno aumento de seu efetivo, ainda está longe de uma estrutura confiável. Mas o discurso da transversalidade está bombando. Sigam-me.
Cedências
Com toda a ênfase que marca o discurso da transversalidade, em nada mudou a política de cedências na Brigada Militar. Há PMs que já estão há mais de dez anos fora da corporação ganhando salários privilegiados, trabalhando em ambientes climatizados e plenamente esquecidos do cheiro da bandidagem. Tudo isso está sendo confirmado e até mesmo ampliado. O Diário Oficial do Estado publicou este mês a ida de um capitão para a Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social, outra capitão para a Procuradoria Geral da Justiça e dois capitães para a Assembleia Legislativa. Outras cedências foram autorizadas anteriormente, como a de um coronel para a Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa. Nada contra os PMs que conseguem essas confortáveis escapadas, apenas registro, parafraseando o príncipe de Lampedusa, que as coisas mudam para que fiquem como estão.(...)
Desvios
Nos últimos dias, a Brigada vem sendo assolada por uma série de casos de desvio de conduta. Em uma corporação de, pelo menos, 28 mil almas, isso ocorre de forma inevitável e cíclica. No entanto, não podem esses casos ficar fora de controle, como aconteceu no Rio de Janeiro. Além disso, a vigilância não deve se restringir aos brigadianos mais humildes.
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